Noturno
A bailarina valsa Como boneca de porcelana Flutuando sobre o palco Como a flor que nasce Abrindo suas pétalas Sem ferir a planta Desejo a bailarina que voa E inebria os meus sonhos Derretendo o impossível Mas respeito o momento que é seu Em silêncio solene e contemplativo De quem parece conseguir desacelerar o tempo Para olhar de perto a beleza fugidia O orvalho madrugal que é verve em meus olhos Escorre com mais delicadeza que o que vem da pétala fustigada pelo pouso da borboleta ou do beija-flor Sei que haverá o momento da pele De maciez do toque no corpo sob a seda Mas, enquanto não, É tempo de poema De ser grato à reinvenção do ser Que a indolente bailarina descobre enquanto passeia Na mesma cadência dos martelos sobre as cordas do piano Espalhando a magia que encanta o meu olhar E que realça o brilho das estrelas que tornam azul o céu noturno, Invadindo o meu peito e o meu ser que Às vezes esquece que, acima de tudo É movido pelo amor que faz pulsar o meu teimoso coração. (