Futuro do pretérito
Sonhei contigo de novo. Nada erótico ou romântico, mas um agradável reencontro. Houve carinho e toque, mas nada além de um afeto compartilhado por dois amigos. O cenário – se bem recordo – era uma cidade colonial mineira em que estávamos, cada um, com suas respectivas famílias. Vi tua mãe, tua filha, teus tios e primos e também teu marido. Não houve gatilho e tampouco ciúme, apenas a agradável nostalgia de quem percebe que já viveu bastante. Não em tempo, mas em intensidade. Enquanto tu ias ter com eles, cuidei da guria como se fosse minha. Velei o seu sono e suas brincadeiras, atento aos eventuais perigos do ambiente. Enquanto o fazia, notei na beleza daquela pequena criatura o valor que à vida o amor dá. Ao teu retorno, a devolvi ao teu colo. Já era hora de partir. Antes da despedida, entretanto, falei que tinha algo importante a dizer. Sob o teu olhar curioso, te revelei sem delongas: eu teria sido feliz contigo. Tu, então, perguntaste: mais do que é? E eu: Não mais, nem menos.