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Mostrando postagens de setembro, 2021

O sal da terra

O sal do teu suor é o sal da terra,  Que minha língua sorve e que semeia e cultiva, no leito do meu corpo, os sentimentos e sensações mais intensas, mais lúdicas e mais lúcidas. Teu sal e tua saliva, teu seio e teu sexo me fazem ir tanto além de mim que, mesmo na saudade, cede a dor lugar ao sorriso, ao sonho e a versos vibrantes e coloridos que me fazem tornar a ser adolescente sob a vertigem da paixão primeira de um menino. Salto solto, se te ausentas, e vôo ao vento, de peito aberto, como as notas nas linhas da partitura de uma virtuosa melodia. Salto ciente de que a vida é milagre, mesmo que um breve sopro. E sinto que hoje sou tudo, mesmo se amanhã eu morro.  (Felipe Rocha, 18 de setembro de 2021)
 Hoje sonhei novamente com vovô. Talvez porque este ano faz dez anos que ele partiu. Talvez porque tenho refletido bastante sobre masculinidades e seus efeitos sobre os diversos papéis que o homem ocupa ao longo da vida, como marido, pai, filho e avô.   Ou talvez porque, cada vez mais, me sei árvore, que, para ter tronco longo e largo e espalhar seus galhos, folhas, flores e frutos pelo céu, carece de raízes fortes que adentram fundo na terra. Ele estava bem. Não só tinha a compleição física cheinha e corada, mas também estava isento da senilidade dos últimos anos. Em um primeiro momento, assustou-se por ter passado “50 anos dormindo”, referindo-se ao tempo em que ficara senil. Não entendi muito bem porque dos 50, se, pelos meus cálculos, foram apenas uns 15, mas não é o meu ego racional que cria o roteiro dos sonhos.   Talvez os 50 anos venham do quanto representa a ausência de 25 anos para quem só viveu 37. Ou talvez de um medo inconsciente de que, daqui a 50 anos, seja eu quem