Encontros
Vim para a beira-mar, seduzido pelas cores quentes do céu e do sol crepusculares e pela brisa gentil soprada pelo vento, que, àquela hora, já se despira do calor ardente de mais cedo. Divago pensando que é um momento feito de encontros. Do Sol com o mar, dos casais enamorados que assistem ao espetáculo juntos, dos corpos com os espíritos, como dizem os místicos, e também é quando o disciplinado Apolo, mencionado por Nietzsche, encerra seu turno, depois de um longo dia de trabalho, e cede lugar para o boêmio Dionísio se deleitar com os encantos da noite. Meus devaneios foram interrompidos pela figura de um homem que se sentara em um banco ao lado do meu. Estava sozinho e olhava detidamente para o pôr-do-Sol, sem se distrair com parafernálias tecnológicas, como faziam os demais. Notei que ele ostentava um sorriso tímido no rosto, mas que sangrava. Ali pela altura do peito uma mancha vermelha lentamente se espalhava por sua camisa branca, em um fluxo que, apesar de lento, fazia pare