Os tesouros de Lourdes
Não sei se minha mãe já sabe e nem o quanto. Mas ao longo desses quase 40 anos de convivência, eu muito usufrui de seus melhores tesouros. O primeiro, e talvez mais valioso, foi o seu colo. Por mais turvas e nebulosas que sejam as memórias infantis, ainda sou capaz de me lembrar do alento tranquilizador e aconchegante que sentia quando deitava encostado em sua pele macia, com cheiro de mãe. Tive, deste tesouro, menos do que gostaria na verdade. Depois de fazer análise percebi que eu era muito mais carente de carinho e afeto do que conseguia expressar e que, embora meus pais abrissem seus braços, suas portas e ouvidos sempre que eu pedisse, algo tolhia minha coragem de pedir. Ainda assim, tive o bastante. Adolescente, conheci tesouros de outra natureza. Na coleção de CDs que ficava em seu quarto, descobri minha paixão por Chico Buarque, Caetano, Djavan, Maria Bethânia e outros tantos ícones da MPB. Nas oportunidades que ti...