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Mostrando postagens de junho, 2018
Transe                    I Estava contente porque finalmente encontrara um bom pretexto para falar com a menina mais bonita do colégio. Soube que ela gostava de rock dos anos 90, mas pouco conhecia dos Beatles. Aproveitou a “lacuna” para se dispor a gravar para ela uma fita k7 com os melhores hits da banda inglesa. Foi até melhor do que esperava. Além de ter tido uns razoáveis minutos para falar com ela sobre um tema que conhecia bem e que afastava seu nervosismo, ainda teve a honra de colocar a fita no walkman dela e de compartilhar do seu fone de ouvido na orelha esquerda. Ele tinha 16 e ela 14, mas o corpo e a postura dela faziam ele se sentir um moleque perto dela. Ainda estava pouco acostumado a ficar na escola em período integral, em razão do aumento da jornada de trabalho da sua mãe. Mas as aulas de informática, os jogos de vôlei e futebol e as aulas e inglês e de reforço escolar que tinha nas tardes de segunda à sexta fluíam com leveza, quando calhava dela faze
A manhã Abre os olhos e sente a manhã cinza lá fora Veste o edredon como fosse uma capa Enche a caneca de café e põe muito leite em pó Aquecido por dentro, se despe da manta Sai Vê que o frio não é muito Olha o sol tímido entre as nuvens cinzentas e percebe que não faz ideia de que horas são não sabe por quanto tempo dormiu nem fome sente Sabe só o que há à sua frente Um vasto jardim de grama verde e flores coloridas que ainda carregam os orvalhos precipitados da madrugada úmida O cheiro da grama molhada traz reminiscências boas da infância Mas ele não fica ali no passado Não sai de onde está Senta confortavelmente na grande almofada da varanda e para Só se movimentam os seus olhos Ávidos por apreender toda a boniteza daquele grande cenário Estático, percebe que uma borboleta colorida pousa em seu ombro E que um grande   jabuti de aparência ancestral está à sua frente Sente-se parte da paisagem   prescinde de movimento Quand