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Mostrando postagens de julho, 2019
Em perfeições Por quanto tempo irá durar a minha beleza? Tu insistes em me perguntar. Como se o viço de tua pele desvanecesse qual a areia de uma ampulheta. Não é por excesso de vaidade, nem por mermo narcisismo, disso tenho certeza.  É fruto da insegurança que precede o momento em que nos tornamos par e que deriva da baixa auto-estima que – esta sim – eu não sei de onde vem. Dizer que, para mim, tu sempre serás linda é um clichê que, por mais honesto que seja – por vir de um homem apaixonado – não lhe é suficiente. Compreendo, até certo ponto, ante o contexto de amores líquidos e de vitrines virtuais que expõem falsa e superficialmente as relações em seus momentos e sentimentos, traduzindo o “mesmo” como “medíocre”. Por isso aproveito este enquanto do seu descanso, para mirar-lhe as curvas que já tão bem conheço, com as linhas e ondas que lhe marcam, e tentar descrevê-la, enquanto escrevo, como a micropaisagem que de fato é. Se não a chamo de perfeita, não é por excesso de defeitos
Quando eu fui um José Era criança ainda. Uns oito anos talvez? Foi através da voz rasgada de Paulo Diniz que ouvi os versos desesperados de Drummond Através do toca fitas de uma parati, me vi, pela primeira vez, diante de uma tradução artística do que hoje reconheço como angústia Me identifiquei, a princípio, por ser o nome do personagem igual ao meu segundo E naquele momento primeiro achei foi engraçado as variadas desventuras do José Mas, na segunda ou terceira escuta, sabe-se lá, me pus em seu lugar Me vi nas noites do domingo em que, talvez precocemente, me preocupava com o futuro do mundo e com o crescimento e a prevalência da maldade E também nos choros e clamores que mantinha preso na garganta por não conseguir expeli-los e por não ter coragem (ou não enxergar a necessidade) de pedir ajuda Na solidão profunda que sentia em tantos momentos, com a ausência de afeto e carinho ou de palavras que me fizessem ver um sentido a canção me fazia pensar no mal-estar que