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Mostrando postagens de outubro, 2020

Ainda

Ainda penso em ti como refúgio ou um porto seguro  Embora, hoje, sejas saudade em mim,  Apenas isso. Ainda suspiro se vejo a foto em que deito em teu colo. Ainda lembro, mesmo que remotamente, do cheiro da tua nuca Que me fazia desejar que fosse infinita a noite como parecia ser nossa paixão Ainda o busco em outras mulheres e, se algo nelas, me lembram tu, Deixo a traiçoeira mente me levar para a memória do nosso gozo Me cativaste à primeira vista, não sei se sabes. E, ainda hoje, teu olhar e teu sorriso me desarmam. Indefeso, resigno-me com a certeza de que a recuperação do golpe demandará tempo. Enquanto espero, busco ouvidos, papeis ou cordas que dêem vazão ao sabor amargo que a saudade deixa. Uns tragos e goles também ajudam a suavizar a dor aguda do momento. Quando foi que o nosso ontem se tornou nunca mais?  às vezes me pergunto. Sei que te renunciei mais que três vezes, que me alertaste da dor que sentiria com tua falta. Não me arrependo. Contudo, não consigo evitar a pergunta:
 Vem meu menino bonito Vem me dizer Quantas noites faltam pro amanhecer Vem fazer teu carinho em meu mamilo Acender a fogueira, teu abrigo Tua lareira No abraço de minhas pernas Que te apertam E te trazem mais perto do meu corpo Que é delírio, deleite Mar e gozo Enquanto danças  Balança a minha cintura És o meu criador Eu criatura És o meu predador Sou toda tua No ar Luar Sou toda nua Nesta pequena morte Que é a sorte E da avidez O alívio A cura Vem, contorcer-te e envolver-me  Na tua carne Que, crua E tão tesa  E tão pura É quase arte.