Ainda

Ainda penso em ti como refúgio ou um porto seguro 

Embora, hoje, sejas saudade em mim,

 Apenas isso.

Ainda suspiro se vejo a foto em que deito em teu colo.

Ainda lembro, mesmo que remotamente, do cheiro da tua nuca

Que me fazia desejar que fosse infinita a noite

como parecia ser nossa paixão

Ainda o busco em outras mulheres e, se algo nelas, me lembram tu,

Deixo a traiçoeira mente me levar para a memória do nosso gozo


Me cativaste à primeira vista, não sei se sabes.

E, ainda hoje, teu olhar e teu sorriso me desarmam.

Indefeso, resigno-me com a certeza de que a recuperação do golpe demandará tempo.

Enquanto espero, busco ouvidos, papeis ou cordas que dêem vazão ao sabor amargo que a saudade deixa.

Uns tragos e goles também ajudam a suavizar a dor aguda do momento.


Quando foi que o nosso ontem se tornou nunca mais?

 às vezes me pergunto.

Sei que te renunciei mais que três vezes, que me alertaste da dor que sentiria com tua falta.

Não me arrependo. Contudo, não consigo evitar a pergunta: como seria? Tampouco aquela, mais desesperada: É possível ser feliz?


Como guerreiro valente ou teimoso, sei que voltarei a levantar.

Enquanto não me ergo, contudo, permito-me imergir nas lembranças agridoces do nosso passado.

Os abraços que nos abrigavam, a tua silhueta de fino traço, o dia em que tu finalmente disseste que me amava, depois de uma noite inteira em briga e um dia inteiro de paixão

Nossas danças em par, as auroras que vimos juntos...

Ainda me iludo pensando que encontrarei tua mão embaixo da mesa, se precisar e procurar.

Sei que é tolice, mas não consigo abandonar esse antigo hábito.

É tão visceral a marca que deixaste em mim, que só há uma conclusão possível: 

Ainda te amo. 

(Felipe Rocha, 22 de outubro de 2020)

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