Carta do mês de aniversário da melhor pessoa do mundo

Queridos Luísa e Marcos, hoje, dia 8 de dezembro de 2022, comemoraremos o aniversário da pessoa que eu costumo dizer que é a melhor pessoa do mundo, que é ninguém mais do que a mãe de vocês.

Ela contesta essa alcunha por considerar que há um claro e tendencioso exagero da minha parte, mas garanto a vocês que é de verdade.

Talvez vocês se perguntem ou me perguntem como posso afirmar que ela é a melhor pessoa do mundo se eu não conheço todas as pessoas do mundo. Pergunta bastante perspicaz, mas cuja resposta eu tenho na ponta da língua: É simples. Ela é a melhor pessoa do meu mundo, do mundo que eu conheço. Isso mesmo. Ainda hoje me sinto muito grato e sortudo por ter tido não só a oportunidade de conhecer e conviver com ela, mas de ter sido escolhido como a pessoa com quem ela desejava compartilhar a vida e criar uma família.

Não sei se vocês já sabem disso, mas, desde o dia em que a vi pela primeira vez, eu tive a impressão/sensação de que ela poderia ser minha namorada. Nós nos conhecemos e nos envolvemos com tanto leveza, naturalidade e tanta afinidade, que logo eu senti que, estar com ela, era como estar em casa.

Eu podia ser quem eu era sem máscaras e sem teatro e, mais do que isso, com ela, eu aprendi e ainda aprendo a me tornar uma pessoa melhor, presenciando as suas atitudes e conversando com ela sobre os mais variados assuntos. Me sinto constantemente estimulado a tentar me tornar a melhor versão de mim mesmo. Como escrevi na primeira música que compus pra ela: “Você faz de mim o que eu sempre quis ser”.

Aliás, abro parênteses para deixar uma importante lição: escolham sempre conviver com pessoas que estimulem o que há de melhor em vocês. É bem verdade que há uma quantidade significativa de encontros e convívios com pessoas que fogem ao nosso controle. Mas, para as ocasiões em que a escolha for possível, deixo essa dica valiosa.

Dito isto, voltemos ao tema desta carta.

Uma pessoa mais cética poderia afirmar que essa minha visão sobre Flávia seria uma “idealização” que seria desfeita com o tempo e com o convívio. Ledo engano. O que aconteceu foi exatamente o oposto: quanto mais tempo e oportunidade eu tive de conviver com ela, mais a minha admiração aumentou.

Na data em que escrevo esta carta, vocês ainda estão com apenas seis meses de vida (quase sete!) e a rotina de cuidados ainda é muito intensa, principalmente pra Flávia, que ainda amamenta vocês e gerencia outras coisas como o banho, a alimentação e boa parte da rotina de sono. Apesar disso e do cansaço que muitas vezes toma conta dela, a aura leve, alegre e amorosa, que foi uma das coisas que fizeram com que eu me apaixonasse, ainda permanece. 

É sempre doce a forma como ela cuida de vocês e brinca com vocês e, ao mesmo tempo, há muita firmeza e segurança nas decisões que precisam ser tomadas ao longo dessa rotina de cuidado, por causa do empenho que ela dedica em estudar e aprender o melhor a ser feito.

Talvez vocês pensem que estou falando tudo isso para mostrar o quanto vocês devem ser gratos pela mãe que têm. Embora eu deseje que o meu relato produza esse efeito, trouxe ele aqui para dizer que presenciar tudo isso fez Flávia se tornar uma estrela ainda mais brilhante em minha vida. Um Sol que, como disse em outra música que compus pra ela, “sem pressa, me aquece e dá luz, [...] afastando o frio e o medo”. Quando a vejo, mesmo que esteja com olheiras de sono ou com o cabelo despenteado, eu não consigo deixar de pensar: que mulher incrível!

Confesso que o fato das minhas duas profissões não terem parado neste primeiro ano de vocês e terem demandado muito trabalho da minha parte me faz ainda ter dificuldade de avaliar se estou equilibrando bem o exercício das minhas profissões com a minha participação na rotina de cuidados de vocês e me faz pensar e repensar constantemente sobre como posso fazer para que a mãe de vocês não se sinta muito sobrecarregada e para que nós dois consigamos equilibrar essa dimensão do “dever”, presente dentro e fora de casa, com o lado do prazer e do lazer, que é importante pra mim, pra ela e pra todos nós.

Não são perguntas de respostas fáceis. Entretanto, o amor imenso que sinto por ela e por vocês faz não só eu sentir que sou capaz de lidar com esses desafios, mas desejar lidar com eles da melhor maneira possível.

No dia 11 deste mês, eu e Flávia completaremos 7 anos de casados. Em datas assim, eu sempre reflito sobre a nossa história juntos.

Este ano, foi particularmente emocionante fazer esse resgate porque é o primeiro ano já com a presença de vocês em nossas vidas. Ver esta família linda que nós quatro compomos é como o coroamento perfeito da minha trajetória com Flávia, que teve e tem seus desafios e dificuldades, mas, apesar disso, têm prevalecido o companheirismo, a cumplicidade, o carinho, o afeto, o respeito, a empatia e tudo o mais que faz com que, nem por um segundo, eu hesite ao dizer que pedir ela em casamento foi a melhor decisão que tomei em minha vida.

Como, entretanto, o intuito dessas cartas que eu escrevo também é o de proporcionar algum aprendizado pra vocês, eu não quero conclui-la com uma imagem de final de filme romântico de Hollywood ou de novela brasileira.

Acho importante deixar claro que esse “coroamento” que mencionei acima, está longe de ser um “final feliz” do tipo “felizes para sempre”. Ainda vão existir outras dificuldades e outros desafios. Qualquer relação de amor (aprendam isso que é muito importante) deve ser cultivada com muito carinho, cuidado e diálogo, mesmo que a plantinha do início já tenha se tornado uma árvore com raízes bastante firmes e poderosas. Não pensem que, para um amor dar certo, basta que a pessoa encontre o seu “par ideal”, a sua “alma gêmea”, que tudo irá automaticamente dar certo. Não é assim que funciona. Mesmo entre casais com um grande nível de afinidade, como é o caso do pai e da mãe de vocês, é preciso fazer do diálogo uma rotina e evitar uma postura de acomodação que faça o casal deixar de manter aquele carinho e cuidado que mencionei antes.

Porém, saber que novos desafios ainda vão surgir não é algo que me assuste. Ao longo de 17 anos de convivência, eu tenho muita confiança e segurança de que eu e ela conseguiremos continuar lidando com quaisquer adversidades que surgirem, porque como eu disse em uma terceira música que fiz pra ela, “[...] o que vem após tanto faz pois estar contigo faz sentir que tudo eu posso vencer [...] Fizemos de nós um casal bem mais perto do ideal que os desses filmes que nós vamos ver”.

Em um mundo de tantas incertezas e de tanta busca por novidades e mudanças, é cada vez mais crescente o meu desejo de permanência com Flávia, que é meu par e que, há 17 anos, tem sido a melhor pessoa do meu mundo.  Desejo e prevejo nós dois bem velhinhos resgatando os inúmeros momentos inesquecíveis que já vivemos e que ainda viveremos a dois, com vocês e com o restante de nossa família.

Parafraseando a música que mencionei acima

“Lentamente

Me ensinaste que amar-te é parte do meu ser

E pronto. E ponto.”.

 

P.S: Se eu ainda não tiver cantado essas 3 músicas pra vocês, podem me pedir que vou sentir muito prazer em apresentá-las com meu violão.

(Felipe José, 8 de dezembro de 2022)

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