Desempregado,
Atrás de trabalho
Atrás do dinheiro
Atrás do salário
Qualquer coisa serve pra quem, como eu, não é qualificado
E que é só mais um dos tantos que estão desesperados

Porque a fome não espera a carteira assinada
E diariamente ela me lembra que desempregado não vale nada

Até no lixo de um restaurante eu já catei o almoço do dia
E ainda guardei para mais tarde o resto do resto da boia fria

Até na igreja eu já fui rezando pra ter uma grande ideia
Porque, o que dizem os coachs e livros é que basta isso pra sair da miséria

Tô lutando com a consciência para não partir para o crime
Mas é difícil ver o que eu gosto só do lado de cá da vitrine

E o pior é que essa situação não me deixa dormir direito
Mas pra curar a ansiedade eu também preciso de dinheiro

Ainda bem que, pelo menos, filho é coisa que eu não tenho
Não fosse o aborto da Maria, seria um pivete o meu rebento

Há quem diga ainda que bastaria eu ter estudado
Mas eu conclui o ensino médio semi-alfabetizado

Talvez no fundo, lá no fundo, a culpa seja mesmo minha
Por ter acatado a ordem dos pais de ir vender bala na esquina

Ao invés de ficar a tarde toda em casa estudando
Tudo que eu não aprendia na escola, por falta de aula ou de ônibus

Já conclui que o Fagner estava realmente certo
Quando disse que não dá pra ser feliz sem um trabalho honesto

Mas, por enquanto, a gente vai se virando como pode
Fazendo acrobacias no sinal vermelho antes das nove

Eu só espero que, no final, eu alcance uma recompensa
Sem precisar morrer para isso ou apelar pra violência

Porque, pra quem todo dia apanha do mundo,
eu vou te dizer
Chega um momento em que enche o saco e manda tudo se foder.
(Felipe Rocha, 1º de maio de 2019)

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