A poesia é marginal

Ela vem da borda, do limite ou da fronteira

que separa a vida da morte

O dia da noite

O amor da saudade

O olhar da beleza

Da ferida latente ou latejante

Dormente ou potente

É que sai o fluxo que lava e leva aquilo que nos sufoca e engasga

expelido  do coração metafórico e metafísico, como o sangue que esvai do pulsar cardiológico

A poesia é marginal

Porque abraça quem não se aquieta no centro

Que está sempre questionando

buscando ver além

Do muro, do escuro, dos sorrisos amarelos

dos horizontes e das pontes que separam o desespero da esperança

a moral do desejo

A máscara do rosto

O personagem e a persona da verídica pessoa

Que mora no íntimo cercado de pedras

É no mar que germinam os sonhos e medos

E na margem que morrem os fantasmas do amanhã possível

E é no úmido ambiente do limbo, da lágrima e do cais

Que nasceram os primeiros versos

Que deram sentido à vida

(Felipe Rocha, 8 de dezembro de 2020)

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