O tom certo
Não era possível que minha impressão de que havia interesse mútuo estivesse errada, mesmo que as trocas, até então, tivessem sido apenas de olhares não desviados que se demoraram um no outro e de sorrisos sutis. “De hoje não passa”, decidi convicta. O cenário era um tanto anômalo por ser a despedida do orientador do nosso grupo de pesquisa e uma festa com muitos professores e uns quase dez alunos que foram de gaiatos. Mas duas taças de vinho já tinham atiçado o meu desejo e meu rubor na medida certa para uma abordagem mais ostensiva. Encontrei minha presa ali onde ele mais gostava de ficar, no meio da roda com um violão na mão. Somente na música parecia que deixava de ser tímido. Talvez por ser quem melhor cantava e tocava ou por ter uma veia artística pulsante demais (que fazia ele questionar o tempo todo se estava no curso certo), era ali que ele se soltava e crescia e conquistava eu e algumas outras moças que, pro meu azar, eram mais atrevidas que eu. Ainda bem que a minha ofensiv