inesquecível
Era noite. Era praia, beira de mar. Multidão de branco celebrando ano novo no réveillon do Recife.
Minha visão periférica captou teu olhar em minha direção, apesar dos chamativos fogos acima de nós.
Pra ter pretexto, estendi o champanhe e uma taça em tua direção e te convidei pra um brinde.
Bebemos.
Não é assim que se brinda pra dar sorte, no ano novo. Tu me disseste. Não entendi nada.
É assim ó.
E me "roubasse" um beijo na boca.
Pra que olhar fogos no céu se há tanta ardência nesse encontro de bocas? Pensei.
Deitamos na areia. Tua cabeça recostada em meu ombro.
Muita gente é reticente aos encontros por temer as despedidas. Nunca temi.
Virei meus olhos pro teu rosto: deixa eu te olhar bem, antes que eu esqueça de ti. Disse em tola e arrogante petulância.
Tu nunca vai me esquecer, idiota. Sou linda demais pra ser esquecível, me disseste sorrindo. Pensei que mentia.
Parece ter sido anteontem que conheci teu humor sagaz, teu atrevimento, teus olhos brilhantes e teu belo e pequeno corpo que abracei entre os lençóis do hotel.
Já naquele dia, te vendo dormir de alma serena, logo notei que era eu quem temia não ser lembrado.
Quanto alívio ao saber da tua vinda pra ilha que habito.
Hoje dista mais de década desde o primeiro encontro. Deste amor tão inesperado. Da minha sorte de não ter sido esquecido.
(Felipe Rocha, 5 de maio de 2022)
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